Fotos: Divulgação e Nathália Schneider
Em nenhum partido santa-mariense haverá tanto impacto após o desfecho da eleição estadual quanto no MDB. Sim, o PSDB também é protagonista mas, na pior das hipóteses, manterá as posições locais de protagonismo. E até poderá se beneficiar, na hipótese de vitória da dobradinha tucano-emedebista de Eduardo Leite e Gabriel Souza. Mesmo numa possível derrota, o peessedebismo local não precisará fazer terra arrasada, pois o poder na comuna tem a parceria dos eventuais vencedores do PL e do Republicanos.
Já no emedebismo, embora o cisma da boca do monte seja bastante localizado, e concentrado na ação do vereador Tubias Callil, há uma nítida troca de guarda, com os mais antigos abrindo espaço, por sinal conquistado nas urnas e na ação política, para outras lideranças, tendo como comandante o deputado Roberto Fantinel.
O principal, nesse momento, porém, é o possível reflexo local da incrível, acirrada e inusitada refrega interna, com o bolsonarismo conquistando no MDB gaúcho adeptos inusitados, por sua biografia de resistência ao autoritarismo. É um grupo que tem, entre os articuladores, veja só, o santa-mariense Cezar Schirmer, outrora combatente com sobras de valentia contra o regime autoritário e agora abraçado a alguns dos diretos descendentes daquele. Históricos militantes da sigla na cidade, com os quais a coluna papeou, se dizem em choque. E tristes, sobretudo.
Essas informações todas ajudam a entender a petição de miséria em que se encontra a unidade emedebista. E que terá consequências óbvias, a depender do resultado do pleito. O futuro do MDB, tanto quanto do Estado, está em jogo nesta domingueira.
A coluna ouviu dois ex-dirigentes graúdos da sigla na cidade. E ambos ainda com ativa militância. Expôs as duas possibilidades eleitorais no Rio Grande e os seus efeitos sobre o MDB gaúcho e santa-mariense. A seguir, o resultado da consulta.
Vitória de Onyx Lorenzoni
O comando político do partido, que terá espaço significativo no futuro governo, será dos figurões que apoiam o liberal agora, a começar por Sebastião Melo, prefeito da capital, Cezar Schirmer e Osmar Terra, entre outros. Em Santa Maria, o representante do grupo, Tubias Callil, será o interlocutor. Mas se manterá minoritário por aqui, contando com algumas adesões pontuais.
Vitória da dobradinha Leite/Souza
O grande nome do MDB no Rio Grande do Sul passa a ser o do vice-governador Gabriel Souza, fiador de todas as indicações político-administrativas que ocorrerem. E em Santa Maria, a já dominante liderança política do deputado Roberto Fantinel se tornará inconteste. Cezar Schirmer e seus agora escassos parceiros na boca do monte terão de se curvar às novas lideranças. Ou submergirão. E ponto.
Jobim seguirá na política; confira suas três possibilidades de atuação
Foto: Adelar Martins (Assessoria Novo)
Ricardo Jobim, candidato do Novo ao Governo do Estado, fez 38.887 votos no Rio Grande inteiro. Deles, 8.289 vieram das urnas da capital e 3.219 da terra natal, Santa Maria. Não precisa falar com ele para saber que foi menos, bem menos talvez, que a meta estabelecida. Afinal, obter só 0.61% da preferência do eleitorado não estava nas contas.
Isso significa, então, que tudo acabou? Nananinanão! Derrotas, por mais doloridas que sejam, são do jogo e sempre ensinam alguma coisa. Mais que isso, podem até catapultar carreiras políticas e a história está cheia de vitoriosos que antes sofreram revezes importantes.
Dito isto, qual o futuro político do advogado e empresário santa-mariense que disputou o Piratini? O colunista auscultou fontes próximas ao político e ao novismo local e estadual. A seguir, em três tópicos, o resultado das consultas e que podem dar uma ideia do que acontecerá com o político Jobim.
– Ricardo Jobim está bem próximo do grupo dos “zemistas” (aliados do reeleito governador mineiro Romeu Zema). Tanto que foi, recentemente, sondado para ocupar cargo no governo das minas gerais. Sem dizer que, como em 2026 Zema tem tudo para ser o candidato novista ao Planalto, algo deve surgir de novo para o santa-mariense.
– O fato de ter feito mais de 8,2 mil votos em Porto Alegre (quase o triplo do obtido em Santa Maria) chamou a atenção do partido que também gostaria de vê-lo concorrendo a um cargo eletivo por lá.
– O desempenho dele nos debates, avaliado como satisfatório, tem rendido espaços na imprensa gaúcha e pode inclusive cacifá-lo para posição de destaque dentro do Novo do Rio Grande.
Conclusão claudemiriana (óbvia, mas)…: Ricardo Jobim se manterá ativo na política, em que posição for. E em Santa Maria, o Novo deve apostar as fichas, mesmo, em Giuseppe Riesgo para 2024. A conferir.
Solidariedade e PTB, o triste falecimento de sigla histórica
O Solidariedade (do candidato a deputado Nicolas Xavier) incorporou o Pros, manteve o nome e o número 77. Foi a primeira consequência pós-eleitoral, com siglas sem cumprir a cláusula de barreira buscando se manter na lida política – por mais algum tempo ao menos. Cá entre nós, ninguém notou.
Já não é o caso do PTB, com apenas um deputado federal eleito, que fez o segundo movimento, ao se fundir com o Patriota. Ambos sumiram e deram a luz um novo partido, o Mais Brasil, com o número 25 – o mesmo do hoje falecido DEM.
Triste fim da histórica agremiação (veja também notas na Luneta). Até no anúncio, feita através de nota em rede social. No caso, uma postagem no Twitter.
COMUNICADO comunicamos que nesta data, cumprindo todas as formalidades legais, através de convenção partidária, foi aprovado por unanimidade dos seus membros, A FUSÃO DOS PARTIDOS: PTB 14 e o Patriota 51. Nasce, então, uma nova agremiação partidária, com o nome MAIS BRASIL 25.— PTB (@ptb14) October 26, 2022
Luneta
SEM CHORO
E acabou o PTB. Ou a sigla PTB, para ser mais preciso. Invenção do então mago Golbery do Couto e Silva, que inviabilizou a sigla para o “inimigo” Leonel Brizola e que, para poupar tempo e espaço com mais explicações, tornou-se, no seu final, em arremedo a serviço da extrema direita política, sob a liderança do notório Roberto Jefferson, hoje no xilindró. Mas nem sempre foi assim, é prudente lembrar.
…NEM VELA
Ainda nesse período moderno, o PTB elegeu Osvaldo Nascimento da Silva prefeito de Santa Maria. Foi no fim dos 90’s. Mas bem diferente, que se diga, do tempo “raiz”, quando também dominou a política da boca do monte, elegendo cinco prefeitos em sequência, entre 1951/64. A saber: Vidal Castilhos Dânia (dois períodos), Heitor da Silveira Campos, Raul Valandro, Miguel Sevi Viero e Paulo Lauda.
SEM SENTIDO
Alguém entendeu o forrobodó da última terça, em que edis que juravam ser favoráveis às moções de repúdio ao deputado federal defensor (depois até pediu desculpas, “se foi mal entendido”) que estudantes da UFSM devessem ser “queimados vivos” insistiram no adiamento da decisão? Supostamente haveria ganho eleitoral. Cá entre nós, lucros e perdas (se houve) já haviam sido contabilizados. Mas enfim…
EM VOTAÇÃO
Foto: Arquivo Diário
Na semana que está começando imagina-se que retorna ao rito normal a atividade na Câmara. E algumas questões fundamentais merecerão ainda mais o devido cuidado do Legislativo presidido por Valdir Oliveira (foto). A principal delas, com certeza, é o Orçamento para 2022. Mas não se deve descurar, ainda que taaalvez a decisão seja postergada, das mudanças no Plano Diretor Urbano, igualmente em debate.
PARA FECHAR
Foi uma semana fantástica para quem luta pelo desenvolvimento regional. Melhor só se for positiva a posição dos consultores da Unesco que para cá vieram avaliar a criação do Geoparque da Quarta Colônia. O mesmo se espera, adiante, quando idêntico trabalho será feito em Caçapava do Sul. Via Nações Unidas pode-se, porque não, sonhar com um futuro ainda melhor para as comunidades daqui e de tão perto.